Deborah Colker – “Cão Sem Plumas” em Jundiaí/SP

Deborah Colker faz em Cão Sem Plumas, baseado no poema homônimo de João Cabral de Melo Neto (1920-1999), seu primeiro espetáculo de temática explicitamente brasileira.

A estreia aconteceu em 3 de junho de 2017, no Teatro Guararapes, em Recife.

Publicado em 1950, o poema acompanha o percurso do rio Capibaribe, que corta boa parte do estado de Pernambuco. Mostra a pobreza da população ribeirinha, o descaso das elites, a vida no mangue, de “força invencível e anônima”. A imagem do “cão sem plumas” serve para o rio e para as pessoas que vivem no seu entorno.

“O espetáculo é sobre coisas inconcebíveis, que não deveriam ser permitidas. É contra a ignorância humana. Destruir a natureza, as crianças, o que é cheio de vida”, diz Deborah.

A dança se mistura com o cinema. Cenas de um filme realizado por Deborah e pelo pernambucano Cláudio Assis – diretor de longas-metragens como Amarelo Manga, Febre do Rato e Big Jato – são projetadas no fundo do palco e dialogam com os corpos dos 13 bailarinos. As imagens foram registradas em novembro de 2016, quando coreógrafa, cineasta e toda a companhia viajaram durante 24 dias do limite entre sertão e agreste até Recife.

A jornada também foi documentada pelo fotógrafo Cafi, nascido em Pernambuco. Na trilha sonora original estão mais dois pernambucanos: Jorge Dü Peixe, da banda Nação Zumbi e um dos expoentes do movimento mangue beat, e Lirinha (cantor do Cordel do Fogo Encantado, poeta e ator), além do carioca Berna Ceppas, que acompanha Deborah desde o trabalho de estreia, Vulcão (1994).

Outros antigos parceiros estão na cenografia e direção de arte (Gringo Cardia) e na iluminação (Jorginho de Carvalho). Os figurinos são de Claudia Kopke. A direção executiva é de João Elias, fundador da companhia.

Os bailarinos se cobrem de lama, alusão às paisagens que o poema descreve, e seus passos evocam os caranguejos. O animal que vive no mangue está nas ideias do geógrafo Josué de Castro (1908- 1973), autor de Geografia da Fome e Homens e Caranguejos, e do cantor e compositor Chico Science (1966-1997), principal nome do mangue beat. O movimento mescla regional e universal, tradição e tecnologia. Como Deborah faz.

Para construir um bicho-homem, conceito que é base de toda a coreografia, a artista não se baseou apenas em manifestações que são fortes em Pernambuco, como maracatu e coco. Também se valeu de samba, jongo, kuduro e outras danças populares.

“Minha história é uma história de misturas”, afirma ela. O espetáculo já foi apresentado em mais de 30 cidades brasileiras, tendo um público de mais de 150 mil pessoas, e, internacionalmente, nos Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha e Uruguai.

Seu grupo se firmou como fenômeno pop em Velox (1995), Rota (1997) e Casa (1999). Os espetáculos Nó (2005), Cruel (2008), Tatyana (2011) e Belle(2014) trataram de temas existenciais, como os afetos. Em Cão Sem Plumas, Deborah reúne aspectos de toda a sua carreira. Posteriomente, a Companhia realizou Cura, com o qual vinha se apresentando desde outubro de 2021.

“Cabem a elegância do clássico, a lama das raízes e o olhar contemporâneo. O nome disso é João Cabral”, diz ela. Reconhecida internacionalmente, Deborah recebeu em 2001 o Laurence Olivier Award na categoria Oustanding Achievement in Dance (realização mais notável em dança no mundo). Em 2009, criou um espetáculo para o Cirque du Soleil: Ovo. Em 2016, foi a diretora de movimento da cerimônia de abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro

João Cabral vivia em Barcelona, como diplomata, quando leu numa revista que a expectativa de vida no Recife era menor do que na Índia. A notícia foi o impulso para fazer O cão sem plumas. Publicou em 1953 O Rio ou Relação da Viagem que Faz o Capibaribe de Sua Nascente à Cidade do Recife e, três anos depois, sua obra mais conhecida, Morte e Vida Severina. Sua poesia, das mais importantes do Brasil, é marcada pelo rigor e pela rejeição a sentimentalismos.

Cão Sem Plumas recebeu um dos mais importantes prêmios da dança mundial, “Prix Benois de la Danse” 2018 na categoria coreografia.

FICHA TÉCNICA

Classificação: Livre

Duração: 110 minutos

Gênero: Espetáculo de Dança

SERVIÇO 

Data: 23 e 24 de maio, terça e quarta-feira
Local: Teatro Polytheama | Rua Barão de Jundiaí, 176, Jundiaí – São Paulo

Ingressos de R$25,00 a R$125,00

Vendas

Pela internet: Compre seu Ingresso Aqui

REGRAS PARA MEIA-ENTRADA:

Estudantes (Com Carteira de Identificação Estudantil)
Pessoas com deficiência, inclusive seu acompanhante quando necessário.
Jovens com idade de 15 a 29 anos de baixa renda inscritos no Cadastro Único Para Programas Sociais do Governo Federal (Mediante a apresentação da Identidade Jovem, acompanhada de documento de identificação com foto expedido por órgão público e válido em todo o território nacional)
Idosos e Terceira Idade (Cartão de Aposentado ou RG para maiores de 60 anos)
Professores Rede Pública (Holerite ou Documento que comprove)
Diretores, Coordenadores Pedagógicos, Supervisores e titulares de cargos do quadro de apoio das escolas das redes estadual e municipais, de acordo com a Lei Estadual 15.298/14.
(O direito ao benefício da meia-entrada é assegurado em 40% (quarenta por cento) do total dos ingressos disponíveis para cada evento)

REGRAS PROMOCIONAIS:

Clube GT – Os sócios do Clube GT têm 50% de desconto no valor integral do ingresso mediante apresentação do cartão. Válido para compra de até 02 ingressos por sessão em qualquer canal de venda.

Solidário: Desconto promocional mediante a doação de 1KG de Alimento não perecível na entrada do evento.